Capítulo 10.3 - Saindo do deserto e subindo o monte

Perseguição


Saindo do deserto e subindo o monte 

Publicado originalmente em 28/11/2008


Depois da grande provação que passei e que já falei aqui sobre isso, sinto que estou saindo do deserto e subindo o monte. Algumas decisões, algumas palavras, uma oração de entrega marcaram essa transição e alguns “amigos de Jó” me ajudaram a confirmar que foi uma provação. A decisão de subir o monte foi fundamental. E a oração de entrega de tudo e todos nas mãos do Pai trouxe a paz que faltava há meses.

A certeza de que era prova e de que estava chegando ao fim foi uma resposta. E uma das coisas que me fizeram ter essa certeza foi entender o porquê de ter sido abandonada por quase todos. E aí pude aprender mais uma característica de provação: muitos nos viram as costas, como se estivessem cegos e não vissem quem está falando a verdade. Até aqueles que sabiam da verdade, até esses nos abandonaram. Mas enfim, a prova está acabando.

Não sei se fui aprovada em tudo. Mas estou sentindo paz e sentindo cheiro de coisas novas chegando. Quando entendi a causa da dor, quando ouvi o Pai dizendo que não era consequência de pecado e que era realmente uma provação, a paz chegou.

A prova foi difícil, muito difícil. A mais difícil que já fiz na vida. Mas aprendi muitas lições.

Aprendi que a gente só sabe o quanto dói quando sente na própria pele. Sempre ouvi histórias de pessoas traídas por amigos, por familiares, mas não podia entender a dor delas. Agora entendo. Às vezes até critiquei aqueles que se afastavam das reuniões, das festinhas, porque estavam tristes com alguém. Entendia perdão como a maioria entende e acreditava que perdoar é fingir que nada aconteceu. Hoje entendo que não é assim. Mas precisei passar por uma dor profunda para entender essas pessoas. Hoje eu as entendo. E como entendo. Como o Eterno transforma sempre a maldição em bênção, tenho certeza de que passei por tudo isso porque Ele vai me trazer pessoas com a mesma dor para eu poder compartilhar e ajudar.

O plano dos inimigos foi quase perfeito. Usaram fofoca e mentiras para que ficassem contra mim. E assim foram plantando a semente, foram preparando terreno para o ataque final. E um dia a prova começou, como um furacão, tão rápido que não deu tempo de reagir. E todos que já estavam preparados se voltaram contra mim, porque tinham um “motivo” para me condenar. Na hora não entendi muito bem o que estava acontecendo. Não sabia de toda a história. Mas com o tempo tudo veio à tona, muitas mentiras, artimanhas, calúnias e traições. E de uma hora para outra o mundo desabou.

O ataque foi tão violento que beira á crueldade. Creio que não imaginam a dor que causaram. E aí comecei a me ver sozinha, porque poucos me apoiaram, muito poucos. Ninguém veio perguntar o que houve, fui condenada sem ser ouvida. Acreditaram em pessoas que já tinham o hábito de mentir e ninguém quis saber da minha parte da história. E passei a ser tratada como se eu fosse a traidora e não a traída. É como se de repente eu estivesse com uma doença contagiosa e todos se afastassem de mim, com medo. Se eu não soubesse que isso é sobrenatural, poderia pensar que enlouqueci.

No meio do turbilhão de pensamentos que invadem a nossa mente no dia seguinte ao furacão e que ficam martelando na nossa cabeça dia e noite, meses e meses, ficava tentando justificar as pessoas. Será que aconteceu mesmo? Não foi invenção? Não estou julgando? Mas a razão prevalecia e eu me dizia: Não, eles fizeram, não imaginei ou inventei, ou foi um pesadelo, aconteceu mesmo. E nem foi algo que alguém me contou. Não, eu vivi aquilo, eles realmente fizeram tudo isso. E doeu, doeu demais. É uma dor insuportável, muito pior que a morte de alguém muito querido.

E agora, quando sou forçada a reviver isso tudo, penso novamente nas lições sobre perdão que tenho aprendido e já escrevi aqui. E entendo que aprendemos errado. Ouvi muitas vezes as pessoas aconselharem alguém que foi traído que deveria voltar a ter comunhão com o traidor, que deveria esquecer. Mas hoje sei que isso é fingir que nada aconteceu, então seria uma mentira. Porque, como escrevi nos textos sobre perdão, ninguém reconheceu que errou, não houve arrependimento de quem traiu.

Enfim, na minha Bíblia não encontro um texto que me diz que devo fingir que nada aconteceu. Nem vejo o Pai perdoando alguém que não se arrepende. Nem vejo o pai indo ao encontro do filho pródigo, mas sim, vejo que ele ficou esperando o filho se arrepender, voltar para casa e pedir perdão, e aí o relacionamento foi restaurado. O que a Bíblia diz é que devemos perdoar se a pessoa se arrepender.

Mas então comecei a subir o monte. O monte da avaliação, da restauração, da restituição, da consagração. Entrei em um momento de reclusão para ouvir o Pai, para ser curada, para receber o bálsamo e receber a direção do que virá depois disso. Tomei a decisão de me afastar de tudo para subir o monte e vivi momentos tremendos. Pude ouvir o Pai falar comigo novamente. Entrei em um momento novo, de mais autoridade, fortalecida.

Antes do início da subida do monte recebi a notícia de que meu primeiro livro estava esgotado e a segunda impressão já está na editora e nas livrarias. Motivo de muita gratidão ao Pai. Toda honra seja dada ao Eterno.

Ainda não posso dizer que a vitória está completa, mas sinto que ela está bem próxima. E o monte contribuiu para que isso aconteça.

O monte foi momento de olhar para trás e avaliar o que ainda não ficou totalmente esclarecido. Avaliar se ainda há algo a confessar, pedir perdão. Sim, porque nesse tempo todo houve vários momentos meus de confissão, mas se ainda há alguma coisa, quero renunciar. O monte foi lugar de reclusão, um lugar de silêncio de outras vozes para poder ouvir somente o Pai.

E eu decidi subir o monte.